COMO FUNCIONA O COMERCIO JUSTO?

A cadeia produtiva do comércio justo envolve:

- Grupos de produtores;
- ONGs de apoio e assessoria aos produtores;
- Organizações de importadores;
- Organizações de certificação;
- Organizações de sensibilização do mercado;
- Organizações de comerciantes.

 

A participação na cadeia produtiva do comercio justo pressupõe os seguintes requisitos:

- Remuneração justa no contexto nacional e local;
- Ambientes de trabalho cooperativos;
- Educação do consumidor;
- Práticas ambientais sustentáveis;
- Assistência técnica e financeira aos produtores;
- Transparência na prestação de contas.

Quem faz parte do Comércio Justo

1. Produtores

Os produtores são os protagonistas. Eles fabricam e exportam seus produtos, e devem na medida do possível estar organizados e integrados em associações ou cooperativas.

2. Exportadores

No comércio internacional é necessária a intervenção de um agente profissional para garantir o bom funcionamento dos negócios. Sua função prática, no entanto, deve ser a de um prestador de serviços e não a de um trader tradicional, que compra e revende visando maximização de lucro no processo.

3. Importadores

Também atuam como atacadistas e distribuidores e muitas vezes diretamente no varejo. Muitos deles apóiam seus parceiros de produção e fornecimento de várias maneiras:

• Aconselham e apóiam tecnicamente no desenvolvimento de produtos.

• Oferecem treinamentos em várias áreas.

• Proporcionam apoio adicional em momentos de dificuldades econômicas e sociais.

• Antecipam pagamentos financiando a produção.

4. World shops

São especializadas em produtos de Comércio Justo. Além dos produtos, oferecem informações e promovem encontros e eventos educativos sobre o assunto. Também promovem campanhas locais e regionais de lobby. Elas são organizadas principalmente por associações locais de pessoas motivadas por algo que se poderia chamar de “cidadania global”. Apesar de, em geral, serem geridos como negócios, as world shops se orgulham de serem organizações sem fins lucrativos. Em muitas delas, boa parte do trabalho é realizado por voluntários.

5. Entidades internacionais

FLO – Fair Trade Labeling Organizations International foi criada em 1997 por 14 Iniciativas Nacionais de certificação que promovem e comercializam o selo em seus países. Responsável pela certificação de produtores, produtos, indústrias e comerciantes, está sediada em Bonn, Alemanha, e tem hoje 20 membros: os 15 países europeus; Canadá; EUA; Japão; Austrália e Nova Zelândia. A FLO regularmente inspeciona e certifica organizações de produtores em mais de 50 países – na África, Ásia, e América Latina – envolvendo aproximadamente um milhão de famílias de agricultores e trabalhadores.

Foi impressionante a evolução do sistema de monitoramento no período entre 2001 e 2005. O número de organizações de produtores cresceu 127% e o número de traders, 132%. O ano de 2005 foi especialmente significativo, obtendo-se a recepção de mais de 400 pedidos de certificação de novos grupos produtores.

EFTA – European Fair Trade Association

Fundada em 1990, com sede em Maastricht, Holanda, a EFTA é hoje uma das organizações-chave do movimento de Comércio Justo, num esforço de harmonizar e coordenar as atividades no contexto internacional.

A EFTA é uma associação de 11 importadoras de Comércio Justo de nove países que importam produtos de cerca de 400 grupos produtores da África, Ásia e América Latina.

Os maiores associados da EFTA comercializam produtos alimentícios e outros. São eles:

Gepa, Alemanha

EZA 3 Welt, Áustria

Magasins du Monde (MdM), Bélgica

IDEAS- Intermon, Espanha

Solidarmonde, França

Fair Trade Organisatie (FTO), Holanda

Ctm altromercato, Itália

Traidcraft Oxfam, Inglaterra

Claro, Suíça

Para isso a EFTA facilita a rede de contato de seus membros e a troca de informações sobre o Comércio Justo em vários países, além de organizar encontros com vários segmentos especiais para trocar experiências concretas.

Além dessas atividades de apoio direto ao trabalho de seus membros, a EFTA é um dos principais atores na organização de campanhas de conscientização e de discussão de temas nos setores como arroz, café, cacau, entre outros. e de ações concretas de lobby político.

A EFTA é também responsável pela elaboração dos principais estudos sobre o Comércio Justo na Europa. (www.eftafairtrade.org)

NEWS! Network of the European World Shops

NEWS! é a rede européia de world shops que coordena a cooperação entre as lojas em toda a Europa ocidental. A rede é formada por 15 associações nacionais de 13 países que representam juntos, cerca de

2.500 lojas e que, por sua vez, contam com o trabalho de mais de 100.000 voluntários.

Os objetivos de NEWS! :

• Interligar world shops e organizações das mesmas em toda a Europa.

• Iniciar, direcionar e promover campanhas conjuntas.

• Estimular e apoiar a criação de associações de world shops na Europa.

• Cooperar com outras entidades, com ênfase nos interesses das world shops.

Com sede em Bruxelas, a NEWS! recebe para seu trabalho, recursos da União Européia e das 15 associações nacionais européias. A organização está também ativamente engajada no desenvolvimento do CJ nos novos membros da União Européia da Europa oriental.(www.worldshops.org)

WFTO - World Fair Trade Organization

É a Organização Mundial de Comércio Justo, a rede global das Organizações de Comércio Justo (FTO – Fair Trade Organizations). Sua missão é melhorar as condições de vida e bem-estar de produtores desfavorecidos, por meio da ligação e promoção de organizações de Comércio Justo e manifestando-se a favor de uma maior justiça no comércio mundial. Foi fundada em 1989, como IFAT, hoje congrega perto de 300 FTOs, em 70 países, que formam a base de sua rede, sendo que o número de associados continua a crescer. Em torno de 65% dos associados são de países produtores do Sul, sendo o restante da América do Norte, região do Pacífico e Europa.

O perfil dos associados é bastante variado, incluindo cooperativas e associações de produtores, empresas de exportação e marketing, importadores, varejistas, redes acionais e regionais de Comércio Justo e instituições financeiras, que se dedicam aos princípios do Comércio Justo. (www.wfto.com)

Fair Trade Organizations

A logomarca criada pela WFTO tem por objetivo identificar as organizações, empresas e entidades que obedecem a critérios de Comércio Justo em suas atividades. São chamadas FTO – Fair Trade Organizations. É importante não confundi-la com uma das marcas de importadores ou Iniciativas Nacionais que identificam os produtos ou com a FLO, que identifica o sistema de certificação.

A logomarca das FTO identifica organizações que atendem critérios internacionais definidos pela WFTO; verificados por meio de auto-monitoramento, revisões mútuas e auditorias externas. Eles demonstram que as atividades comerciais de uma organização estão constantemente buscando a melhoria dos seus serviços.

Fair Trade Federation- FTF

Foi fundada em 1994, com sede em Washington, EUA, abrangendo a região da América do Norte, Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia.

A FTF não é a Iniciativa Nacional dos EUA e Canadá. É uma associação de atacadistas, varejistas e produtores, que reúne 115 membros, na qual trabalham aproximadamente 3.260 pessoas, sendo 2.580 na América do Norte e 682 nos países do Pacífico (excluindo o Japão).

Ressalta-se que 68% destes trabalhadores são voluntários e 32% empregados em tempo integral ou parcial. Como todas as outras organizações, a FTF também se dedica à troca de informações e promoção de campanhas de conscientização, além de encomendar estudos sobre o setor.(WWW.tradefederation.com)

FINE

FINE é a conjunção das iniciais das quatro principais entidades do Comércio Justo, das quais é oriunda: FLO, IFAT, NEWS! e EFTA. É um grupo de trabalho informal, com características de rede, que visa harmonizar e aperfeiçoar os esforços de todos. 52

As Iniciativas Nacionais

As National Initiatives ou Iniciativas Nacionais, apelidadas de NIs, são as organizações de certificação e promoção do Comércio Justo que surgiram em vários países, começando com a Max Havelaar na Holanda, em 1988. Hoje são 20, sendo 15 na Europa mais os EUA, o Canadá, o Japão, a Austrália, a Nova Zelândia, e o México.

O México, como primeiro país produtor a ter uma Iniciativa Nacional, criou seu próprio sistema de certificação, embasado e reconhecido pela FLO, mas levando em consideração vários aspectos característicos da realidade mexicana. Desta forma ele procura promover seu próprio mercado interno. Hoje, o México é membro associado da FLO. Os nomes das NIs variam em função de suas histórias de fundação.

topo