Qualificação

Localização: São Bernardo do Campo (SP)

Início: 2009

Produção: brindes corporativos

Público beneficiário: 160 pessoas

Acréscimo na renda média individual mensal: 78%

Parceria: Fundação Volkswagen

Perfil do grupo: mulheres e um único homem, a maioria (56%) com idades entre 51 e 60 anos, 40% com ensino fundamental incompleto, enquanto 60% do grupo está acima desse nível de escolaridade: 5% com fundamental completo, 10% com ensino médio incompleto e 45% que o completaram. Renda familiar variando de um a quatro salários mínimos.

Perfil da localidade: em estudo sobre o ABC, destaca-se que de maio de 1998 ao mesmo mês de 2011, o nível de ocupação ampliou-se em 40,5%. No decorrer desses 13 anos, o aumento da ocupação foi maior do que a taxa de crescimento da população, o que resultou numa diminuição da taxa de desemprego total da região que passou de 20,6%, para 10,6%, em 2011. Essa diminuição está relacionada também, ao aumento da importância do setor terciário. Foram observadas taxas anuais médias de crescimento da ocupação nos Serviços (3,4%) e no Comércio (2,9%). Mesmo tendo ocorrido diminuição no desemprego na região, a população madura, sem qualificação profissional continua com dificuldades, para uma inserção no mercado de trabalho.

Em plena sintonia com os princípios contemporâneos de sustentabilidade, a linha de produtos do Grupo Tecoste é focada na reutilização dos uniformes descartados pelos funcionários das fábricas Volkswagen, além de estofados de carros, couro e outros têxteis. Sacolas, pastas diversas para laptop, nécessaires, moedeiros e caixas foram desenvolvidos a partir dessa variedade de materiais, criando uma linha de produtos reciclados de perfil contemporâneo. A aplicação de detalhes em cores primárias alegres e botões metálicos dão o toque final dos produtos, comercializados no varejo local e como brindes corporativos.

O Tecoste teve origem a partir do Projeto Costurando o Futuro, uma parceria da Mundaréu com a Fundação Volkswagen firmada em 2009 com o objetivo de qualificar pessoas para formar um empreendimento econômico e também oferecer capacitação em corte e costura. Uma particularidade do grupo que se formou em torno do projeto foi o nível diferenciado de escolaridade, em relação a muitos outros com os quais a Mundaréu atua, com 60% dos participantes com ensino fundamental completo ou acima, alguns inclusive cursando faculdade. Isso foi um facilitador não só para formar pessoas em funções estratégicas, como gestão administrativa e financeira, mas também para possibilitar maior desenvolvimento técnico. Após freqüentar a oficina-escola de corte e costura que faz parte do projeto, algumas pessoas se motivaram a freqüentar cursos de operação de máquinas industriais e modelagem do SESI e SENAI para melhorar sua qualificação e contribuição com o negócio.

A coesão do grupo pode ser observada pela rotina e instrumentos adotados em sua operacionalização. Realizam reuniões regulares documentadas em atas, buscam decisões coletivas e soluções consensuais para seus problemas, e seguem sua Carta de Princípios elaborada de forma conjunta e afixada na parede da oficina, para lembrar os compromissos assumidos.

Em sua trajetória rumo ao amadurecimento profissional o grupo fez algumas descobertas. O afã de identificar oportunidades comerciais, que o fez participar indiscriminadamente de diversos eventos num primeiro momento foi reconsiderado mais adiante. A análise custo-benefício demonstrou que o investimento foi maior que o retorno, o que levou o Tecoste a optar pelos eventos mais compensadores e a recusar convites menos atrativos. No trabalho de prospecção mais criteriosa, foram identificadas categorias de empresas e seus potenciais clientes, assim como o perfil dos produtos a serem oferecidos a cada uma delas. Ainda na direção do profissionalismo, já criaram seu blog e têm página no Facebook.

Os resultados se fazem sentir na renda familiar: uma comparação entre os dados coletados em 2009 com os mais recentes indica que diminuiu de 12% para 11% o percentual de famílias dos produtores que recebem menos de um salário mínimo, de 47% para 44% entre os que recebem de um a dois salários, enquanto cresce de 10% para 17% o percentual dos que recebem de três a quatro salários. O aumento se reflete em mudanças nos hábitos de lazer: passeios, visitas aos amigos, encontros de casais ou bailes da terceira idade vieram a se somar às atividades solitárias indicadas no início do projeto, como ler, rezar ou estudar a Bíblia. Além disso, muitos fazem menção a tratamentos de saúde viabilizados pela melhoria de condição econômica, que também possibilitou a aquisição de máquinas de costura: 61% das pessoas adquiriram a sua, contra as 45% do início.

A sazonalidade, entretanto, ainda é um grande desafio do Tecoste, que tem momentos de muitas encomendas, em especial a época de final do ano, contra outros em que os ganhos são insatisfatórios. Além da busca de novas estratégias comerciais, o grupo instituiu um Fundo de Reserva, que tem sido usado como capital de giro e também para viabilizar pequenos investimentos em comunicação. A próxima etapa na consolidação do empreendimento é a sua formalização, o que está sendo discutido pelo grupo.


Os dados mais atualizados sobre a oferta de empregos em São Bernardo fazem parte de estudo especial com informações do período de 1998 até 2011. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, para a região do ABC, incluindo os municípios de Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, Fundação SEADE, maio de 2011.

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